A Reforma Trabalhista e vários passos atrás!
“O atual governo, apesar de ser o mais reprovado da história, conseguiu aprovar um projeto crucial para a precarização das relações sociais e econômicas brasileiras. Trata-se da reafirmação do Brasil atrasado sobre o Brasil do Desenvolvimento. Trata-se da ampliação da riqueza e sua concentração sobre os mais pobres.”
A Reforma Trabalhista é apenas uma das propostas deste governo para realizar um projeto maior, no caso, a transformação do Brasil em “colônia moderna.” – Uma colônia moderna é aquela que faz diversos produtos básicos, diferentemente das colônias do século 16, que giravam em torno de um produto. Hoje, com o território todo ocupado e explorado, são vários produtos, mas todos eles básicos. Assim, vamos entrar no jogo pelo lado dos trabalhadores de baixa qualificação e baixos salários. Nossos produtos têm baixo valor agregado e muito peso. Muito volume e pouco valor.
A Reforma Trabalhista aprovada reduz os custos do trabalho e precariza as condições do trabalhador, justamente para o Brasil ficar mais competitivo na exportação dos produtos básicos. Isso enfraquece demais nossa economia, pois a Reforma Trabalhista no fim das contas reduz salário, reduz a remuneração do trabalhador e enfraquece o mercado doméstico. Nenhum empresário vai ficar mais competitivo que o outro que produz no mercado doméstico, pois todos terão seus custos reduzidos.
Na reforma existem itens específicos e vergonhosos como trabalho intermitente, contrato do trabalhador autônomo exclusivo e mulheres trabalhando em local insalubre. O Brasil com as novas e mofadas leis da terceirização e da reforma trabalhista, abandona o caminho do desenvolvimento, da superação da miséria, do respeito ao trabalhador, da igualdade de oportunidades e do desenvolvimento civilizatório.
As leis trabalhistas deveriam ser reformadas para consolidar e ampliar direitos dos trabalhadores. Esse é o sentido moderno de desenvolvimento, que visa superar todo o atraso brasileiro, como a fome, algo inaceitável no século 21, assim como a ausência de educação de qualidade, moradia digna. Isso é inaceitável inclusive sobre o aspecto ambiental e da sustentabilidade. Portanto, deve se modernizar as leis trabalhistas neste sentido. A reforma trabalhista deveria se chamar “reforma patronista” – porque com ela só os patrões tem o que comemorar. O governo foi maldoso na institucionalização da exploração do trabalhador dando amparo legal aos donos da produção.
Por fim, a ideia defendida pelo governo sobre a terceirização e a reforma trabalhista como instrumentos de geração de emprego é mentirosa. O que gera emprego e renda é crescimento econômico e social. Basta olhar para poucos anos atrás, com as mesmas leis trabalhistas que agora chamam de atraso estabelecido na CLT, o Brasil cresceu, reduziu a pobreza e gerou milhões de empregos com carteira assinada. Tivemos o chamando blackout de mão de obra. O Brasil precisa de ampliação de direitos trabalhistas e sociais. Não faz sentido o Estado proteger de forma assimétrica patrões e o capital contra o trabalho e os trabalhadores. Essa reforma vai jogar o Brasil no atraso, para a vida do mercado doméstico fraco e aprofundar as diferenças de classe e renda. O movimento sindical manterá sua luta e não dará trégua a qualquer governo que queira reduzir diretos.
Danilo Pereira da Silva
Presidente da Força Sindical São Paulo