Centrais sindicais protestam em Brasília
Fonte: Valor Econômico
As centrais sindicais farão hoje em Brasília um novo protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência e em defesa do “Fora Temer”. Sindicalistas da Força Sindical anunciaram a participação do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que tem defendido a saída do presidente Michel Temer do cargo.
O governo do Distrito Federal prepara um forte esquema de segurança, com a revista de manifestantes, a proibição de bandeiras e o isolamento do Congresso.
As entidades sindicais devem fazer marchas por Brasília e um ato unificado próximo ao Congresso por volta das 13h, para pedir a retirada das reformas trabalhista e previdenciária da pauta do Congresso e para defender “Diretas Já”. Segundo as centrais, cerca de 100 mil pessoas devem participar.
A Força Sindical disse que levará cerca de 20 mil trabalhadores, segundo o secretário-geral da entidade, João Carlos Gonçalves, o Juruna. “Vamos protestar contra as reformas e pedir para que os trabalhadores sejam levados em conta na busca de uma solução para a crise política”, disse Juruna. A entidade fará a concentração dos trabalhadores a partir das 9h no Parque da Cidade e anunciou um discurso de Renan às 10h. A assessoria do senador não confirmou a informação até a noite de ontem.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, criticou a articulação que tem sido feita por parlamentares em torno de uma eventual eleição indireta para a Presidência. “Querem tirar um golpista para colocar outro para fazer a reforma da Previdência e a trabalhista”, afirmou. “Não queremos um golpe dentro do golpe. Se tiver eleição indireta, vai ter Fora [Rodrigo] Maia, Fora Cármen Lúcia, Fora qualquer um outro que não foi eleito pelo voto popular”, disse Freitas, em Brasília. “O povo sabe que o Congresso tem mais de 300 indiciados e que elegeu Eduardo Cunha. Não vai aceitar que eleja o próximo presidente sem o voto popular”.
No ato de hoje, haverá pontos de revista dos manifestantes e pelo menos 3 mil agentes de forças de segurança devem acompanhar o protesto. Quem for da rodoviária em direção ao Congresso, por exemplo, deverá passar por duas linhas de revista. O governo do Distrito Federal, comandado por Rodrigo Rollemberg (PSB), proibiu o porte de bandeiras nos protestos. A manifestação não poderá ser feita em frente ao Congresso, perto da área do espelho d’agua, como em manifestações anteriores. O limite será a avenida das Bandeiras.
O presidente da CUT protestou. “É uma atitude de provocação e vai trazer conturbação para a marcha das centrais logo no início”, disse.
Essas regras estão previstas em um protocolo assinado recentemente pelo governo do Distrito Federal e a manifestação desta quarta-feira será a primeira com esse tipo de esquema de segurança, segundo o subsecretário de operações integradas, coronel Leonardo Sant’Anna. O uso de bombas de gás lacrimogêneo e de gás pimenta não foi descartado pelo coronel. “Esses instrumentos de uso progressivo da força dependem do ânimo de quem vai para esse evento”, afirmou Sant’Anna.
O governo do Distrito Federal trabalha com a estimativa de público de 50 mil pessoas, a metade do que foi anunciado pelas centrais.
A CUT, Força Sindical, UGT, CSB, CTB e NCST estão unidas em torno do pedido de saída de Temer do cargo e das críticas às reformas. As centrais estavam afastadas desde o impeachment de Dilma Rousseff e se reaproximaram para construir a greve geral no fim de abril, contra as reformas trabalhista e da Previdência. As entidades sindicais não descartam fazer uma nova greve geral.