Força Sindical SP alinha propostas para a 2ª Conferência do Trabalho

O debate teve como tema central as transformações do mundo do trabalho diante das transições tecnológicas, digitais, ecológicas, ambientais e demográficas, reforçando a necessidade de políticas públicas robustas e de uma transição justa que garanta emprego e trabalho decente.

A Conferência do Trabalho em São Paulo se aproxima e as centrais sindicais definem critérios, participação e pautas prioritárias do encontro, marcado para 4 de dezembro.

De acordo com o presidente da Força Sindical SP, Danilo Pereira da Silva, o evento segue o modelo de conferências nacionais já consolidadas no país.

“Essa conferência tem o mesmo formato que a da Saúde, da Segurança e da Educação. Ela é tripartite e paritária, com igualdade de participação e oportunidade.”

Ele destacou a ampla presença sindical no processo, incluindo centrais reconhecidas e organizações do serviço público. “Temos oito centrais participando, inclusive a Intersindical e a Pública, porque muitos temas impactam diretamente os servidores.”

Danilo reforçou a diversidade dos temas debatidos, como tecnologia, direitos e negociação coletiva. “Vamos tratar da inovação tecnológica, novas formas de contratação, jornada de trabalho e fortalecimento da negociação coletiva.”

O sindicalista ressaltou também que a tomada de decisões depende de consenso e pode gerar propostas direcionadas ao Executivo. “O que for aprovado em consenso pode virar projeto de utilidade pública para o futuro.”

E reforçou a importância de São Paulo liderar o processo, por sua força econômica e relevância no movimento sindical.

“Como maior economia do país, São Paulo precisa dar exemplo. Todos os estados já estão realizando, e o nosso encontro é dia 4 de dezembro.”

O dirigente explicou que SP será a penúltima conferência antes da etapa final no Rio de Janeiro, já com resoluções de outros estados publicadas. “Cada bancada terá 115 delegados, distribuídos proporcionalmente entre as centrais, conforme critérios de representatividade e atuação”, acrescentou.

Eliana Cardoso, coordenadora regional da Força Sindical em Guarulhos ressaltou que a Conferência do Trabalho é uma oportunidade histórica para recolocar o valor da classe trabalhadora no centro das decisões.

“Estamos sentindo na prática os impactos da precarização, da pejotização e da desigualdade de oportunidades. Por isso, defender uma transição justa, fortalecer a negociação coletiva e garantir empregos com direitos não é apenas uma pauta — é uma urgência social. Precisamos sair daqui com compromissos reais que protejam quem move o país, que são os trabalhadores e trabalhadoras”, acrescentou a sindicalista.

O técnico do Dieese, Fernando Lima, fez uma breve explanação sobre como será a Etapa Estadual da II Conferência Nacional do Trabalho (CNT), que ocorrerá em 04/12/2025 em São Paulo e será coordenada pela Comissão Organizadora Estadual (COE-SP).

Entre as principais definições está que a conferência terá caráter tripartite e paritário, com 345 delegados no total (115 por bancada – Governo, Trabalhadores e Empregadores).

O objetivo é aprovar até 16 propostas (clique aqui e leia as propostas já aprovadas em estados que já realizaram a etapa estadual) e eleger até 23 delegados por bancada para a Etapa Nacional (máximo 69 delegados por SP).

Diálogo capital e trabalho

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, Juruna, resgatou a história do diálogo entre capital e trabalho e criticou retrocessos no financiamento sindical, defendendo a conferência como caminho para fortalecer a classe trabalhadora.

Ele entende que a Conferência do Trabalho avança como espaço central de diálogo social entre trabalhadores e empresários, em um momento de transformação das relações de trabalho no Brasil.

“Esta conferência reúne trabalhadores e empresários porque ainda estamos patinando nessa nova modalidade de relações de trabalho.”

O dirigente relembrou que a Constituição de 1988 inaugurou um novo ciclo de negociação coletiva, mas deixou lacunas estruturais. “A partir de 88, começamos uma nova organização. Mas não resolvemos o financiamento dos sindicatos.”

De acordo com ele, a mudança que extinguiu o imposto sindical foi feita de forma abrupta, sem um modelo substitutivo sustentável para a organização dos trabalhadores. “Foi numa canetada. Acabaram com o imposto sindical e não colocaram nada no lugar.”

Como consequência, as entidades sindicais perderam capacidade financeira, afetando centrais e sindicatos em todo o país. “As centrais faliram do ponto de vista financeiro.”

Apesar disso, Juruna ressaltou que o diálogo social foi retomado a partir do governo federal e do Conselho Nacional do Trabalho.

“A conferência nasceu do governo Lula, para fortalecer o diálogo e a negociação.”

Nova realidade

Everaldo, coordenador regional da Força Sindical em Osasco, cobrou debate urgente sobre novas formas de contrato, redução da jornada, transição justa e sustentabilidade do trabalho na conferência.

Para ele, a Conferência do Trabalho surge como um espaço decisivo para colocar pautas urgentes na mesa de negociação entre trabalhadores, empresários e governo.

O sindicalistas destacou o papel estratégico do encontro para inserir agendas essenciais no debate nacional. “Vamos lançar questões importantes para debater com o empresariado.”

Além disso, o dirigente aponta que o momento é desafiador, já que temas sensíveis enfrentam resistência no cenário pré-eleitoral. “O governo não queria discutir algumas coisas entre trabalhadores e empresários, sobretudo em ano eleitoral.”

Entre as prioridades, ele citou a transição justa e a urgência de debater sustentabilidade, não apenas ambiental, mas também sindical e laboral.

“A sustentabilidade não é só do movimento sindical, mas dos modelos de contrato que hoje precarizam o trabalho.”

Everaldo alertou para o avanço da pejotização e de outras formas de contratações precárias que ameaçam direitos históricos.

“Se deixarmos a pejotização avançar, isso pode ficar ainda pior para os trabalhadores.”

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